ARMAZÉM DO LIMOEIRO e TRECHO DO CAMINHO DO SOL

13/06/2016 21:44

Comecei em uma manhã fria de sábado, depois de quase dois dias sem pedalar, para manter o condicionamento. Estava com calça comprida, especial para pedalar, agasalho protetor de manga comprida e para proteger as mãos, luvas que cobriam os dedos.

O frio não me desencorajou, não estava chovendo e o céu estava limpo, o sol que brilhava iria me esquentar, além de eu me movimentar, produzindo calor, muita energia. 

A primeira etapa seria feita por estrada pela rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto que liga a cidade de Itu à Jundiaí. Cruzei o rio Tiete, neste trecho, não está tão poluído quanto na capital paulista, um pouco mal cheiroso, por conta de produtos tais como detergente. A rodovia estava um tanto vazia, alguns carros e caminhões passavam e de vez em quando alguns ciclistas com suas bicicletas de corrida, conhecida como SPEED, passavam por mim e acenavam, por minha vez retribuía o aceno.

Depois de pedalar por 22 Km deixei a rodovia, peguei um desvio para a cidade de Cabreúva e ao invés de ir para Cabreúva fui para o lado contrário, pegando uma estada de terra conhecida com Estrada da Concórdia, para não se perder, melhor seguir algumas setas amarelas, que sinaliza o Caminho do Sol, que começa na cidade de Santana de Parnaíba e vai até a cidade de Águas de São Pedro, este trecho liga a cidade Cabreúva até a cidade de Salto, o Armazém do Limoeiro fica neste trajeto, parada obrigatória para quem está fazendo o Caminho do Sol, ou mesmo para quem está fazendo trilha, tem pessoas que vão para conhecer o lugar.

 

Dentro da Fazenda do Limoeiro da Concórdia, encontra-se o velho armazém, construído em 1901. O armazém tornou-se ponto de encontro de pessoas, de peregrinos do Caminho do Sol, cavaleiros, ciclistas e turistas do roteiro caipira. O Armazém do Limoeiro é o único da região que, por mais de 1 século, conseguiu se manter vivo.

 

Depois de ficar alguns minutos para descansar, beber algo e conversar com alguns ciclistas, que perguntava sobre a trilha e contava sobre a experiência de pedalar em lugar tão belo e agradável, iam se despedindo e por minha vez também ia me despedindo, voltando para a trilha, por trilhas que passavam por fazendas e muitos haras, além de vacas e bois, se avista também belos cavalos e em um desses encontros vi cavalos pastando com búfalos. Parava para apreciar a paisagem e tirar fotografias, o dia ajudava e o frio foi embora, tudo era um êxtase, já tinha percorrido mais de 30 Km e eu estava firme, poucas subidas e muitas descidas. Encontrava muitos ciclistas, alguns sozinhos, como eu, outros em grupos, desfrutando da natureza.

 

Hora de voltar, então fui seguindo as setas, pois sabia que me levaria até a cidade de Salto, fui pedalando e observando, até que cheguei em uma bifurcação e não vi a tal da SETA AMARELA, vi umas placas e uma seta em caracol desenhada em uma placa de madeira, parei por alguns instantes para estudar a direção, mas era contraditória a direção, ora me parecia que estava caída, ora me parecia que estava correta, peguei o GPS, observei que estava perto de uma cidade, acreditei que era Salto, e uma outra cidade mais distante, talvez Indaiatuba, poderia muito bem digitar a cidade de Salto e saber se era mesmo, mas queria aventura e peguei a direção da cidade de Salto.

 

Indo pra cidade de Salto pelas trilhas, vi um grande movimento de ônibus e tratores, a principio me parecia ônibus levando trabalhadores rurais, pois é grande a plantação de cana-de-açúcar, onde tinha tratores não tinha mais plantação, do outro lado da trilha sim, algumas canas caídas no chão.

 

Seguindo a trilha, vi uma barreira com pessoas retendo alguns carros, e no descampado tinha uma enorme tenda, pelo jeito era uma rave, parei nesta barreira e perguntei para a primeira pessoa se aquela trilha levaria até a cidade de Salto e tive a confirmação, então segui em frente. Deste trecho até o asfalto vi muitos ônibus, vans indo para a festa rave, no sentido ao contrario tinha placas informando onde seria a rave, olhe e estava escrito TRIBE.

 

Cheguei ao asfalto, sem trepidação, já passava dos 40 Km e estava cansado, sem almoço, no Armazém do Limoeiro não comi nada. A estrada me levava até Salto, mas comecei ter uma sensação que não estava em Salto, pois quando cheguei em um bairro que tinha muitas industrias, não me lembrava que tinha um igual em Salto, não voltaria, precisaria me alimentar para aguentar o pedal, já tinha tomado água e um gel de reposição, queria algo sólido.

 

A minha desconfiança foi aumentando, olhei na placa de um carro parado e estava escrito Campinas, sabia que não estava em Campinas, não tinha me desviado tanto, talvez Elias Fausto, ou Indaiatuba, mas no fundo queria que fosse Salto.

 

Parei perto de uma pessoa que estava parada calçada ficou me olhando depois que fiz duas perguntas, que cidade que estou? E qual a direção para a cidade de Salto? Resposta numero 1 - esta cidade é Indaiatuba; resposta número 2 siga em frente e você sai na rodovia.

 

Dez quilômetros depois peguei a rodovia em direção a cidade de Salto, faltava mais dez quilômetros, então pararia para fazer um lanche e descansar, fome e cansaço me assolava. Itu ficava dezesseis quilômetros a frente, então segui em frente, passei do lado da cidade de Salto e Itu não chegava, faltava pouco, mas não chegava, a distancia em de diminuir, aumentava, o que aumentava era o meu cansaço, já passava dos 60 Km rodados.

 

Estava difícil de pedalar quando cheguei na cidade de Itu, não estava acostumado a pedalar tanto, fazia um tempo, até na descida não pedalava direito, cansado e em jejum, só queria parar, chegou uma hora que parei, descansei, comi, as pernas doíam, mas faltava mais uns oito quilômetros, já tinha passado do 70 Km, isso que marcava o odômetro e tinha passado das 18h30min.,estava frio, mas a cada pedalada estava mais perto do repouso e de pedal em pedal, descendo e subindo, finalmente cheguei. Cansado, mas satisfeito pelo proveitoso dia, mais um dia para colecionar de tantos outros que já tive e que terei.

 

para ir mais longe:

https://www.casadefazenda.com.br/
https://www.caminhodosol.org.br/
 

Namaste!